CONHECENDO AZAMBUJA

CONHECENDO AZAMBUJA

Total de visualizações de página

sábado, 31 de maio de 2014

O Centenário Episcopal de Dom Joaquim Domingues de Oliveira e sua relação com Azambuja

31 de maio de 2014 marca o centenário da ordenação episcopal de dom Joaquim Domingues de Oliveira, Bispo e Arcebispo de Florianópolis, nome mais importante da história de Azambuja. E 7 de setembro marca o centenário de sua posse como, então, bispo de Florianópolis

DOM JOAQUIM DOMINGUES DE OLIVEIRA

4 de dezembro de 1878: Nascimento em Vila Nova de Gaia, Portugal.
1882 (?) : Vinda da Família Oliveira para a cidade de São Paulo, Brasil.
1898: Ingresso no Seminário Episcopal de São Paulo.
21 de dezembro de 1901: Ordenação Presbiteral na Capela da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
1905: Doutorado em Direito Canônico em Roma.
1907: Retorno a São Paulo.
2 de abril de 1914: Nomeação para o Bispado de Florianópolis.
31 de maio de 1914: Ordenação Episcopal na Capela do Colégio Pio Latino-Americano.
7 de setembro de 1914: Posse como Bispo de Florianópolis.
1922: Reforma e ampliação da Catedral de Florianópolis.
1923: Construção do novo Paço Episcopal de Florianópolis.
17 de janeiro de 1927: promoção à Arcebispo de Florianópolis.
11 de fevereiro de 1927: criação do Seminário Metropolitano Nossa Senhora de Lourdes em Florianópolis, depois transferido para Azambuja-Brusque.
1939: Realização do I Congresso Eucarístico Estadual Catarinense em Florianópolis.
1944: Nomeado Conde Romano pelo Papa Pio XII.
1955: participação no XXXVI Congresso Eucarístico Internacional no Rio de Janeiro.
1957: Recebe como Arcebispo Coadjutor Dom Frei Felício Cezar da Cunha Vasconcelos.
3 de agosto de 1960: inauguração do Museu Arquidiocesano Dom Joaquim de Brusque.
1962: Participação na I Sessão do Concílio Vaticano II.
7 de setembro de 1964: comemoração do áureo jubileu episcopal tendo como ponto alto a inauguração do novo prédio do Seminário de Azambuja em Brusque.
31 de dezembro de 1965: Posse do Administrador Apostólico da Arquidiocese de Florianópolis, Dom Afonso Niehues. Dom Joaquim mantém o título de metropolita, mas, deixa de administrar o governo da arquidiocese.
1967: Eleição para a Cadeira Nº 22 da Academia Catarinense de Letras.
18 de maio de 1967: Morte no Hospital de Caridade de Florianópolis em decorrência de uma pneumonia.

88,5 anos de vida; 65,4 anos de sacerdócio; 53 anos de episcopado 







Azambuja 1928

Azambuja 1931

Azambuja 1930
 

Azambuja 1945, ordenação presbiteral do Padre Valentim Loch












 Brusque,  Convento SCJ, Exposição dos 75 anos da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus

Ordenação episcopal de Dom Afonso Niehues, Azambuja, 1959






Votos de uma religiosa em 1959

Centenário de Brusque, 4 de agosto de 1960:
 Sessão solene da Federação Nacional da Indústria e Federação das Indústrias do Estado
















Inauguração do Colégio Dom João Becker












Inauguração do Museu Arquidiocesano Dom Joaquim






Dom Joaquim Domingues de Oliveira, Arcebispo de Florianópolis. Inauguração do Museu Arquidiocesano Dom Joaquim com o Governador Heriberto Hülse e esposa 























Dom Joaquim Domingues de Oliveira, Arcebispo de Florianópolis no Cine Teatro Real na Sessão Solene comemorativa da Câmara de Vereadores 

















Dom Joaquim Domingues de Oliveira, Arcebispo de Florianópolis no Solene Pontifical na Igreja Matriz São Luiz 










Concílio Vaticano II, 1962





Inauguração do novo prédio do Seminário de Azambuja no Áureo Jubileu Episcopal, 7 de setembro de 1964




















1965, Posse de Dom Afonso em Florianópolis



























Dom Joaquim é o nome que praticamente se confunde com o da Diocese e depois Arquidiocese de Florianópolis. 
Dom Joaquim Domingues de Oliveira (Vila Nova de Gaia, 4 de dezembro de 1878 — Florianópolis, 18 de maio de 1967) foi um bispo católico luso-brasileiro.

Filho do capitão Joaquim Domingues de Oliveira Belleza e de Joaquina da Silva Mota. Seu nome completo deve ter sido igual ao do pai, mas teria suprimido o último sobrenome por achar que "não ficava bem o sobrenome Belleza para um religioso...".

Veio ainda menino com sua família para o Brasil, para a cidade de São Paulo. Completou seus estudos primários em escolas públicas; o secundário fez no Liceu Coração de Jesus, onde teria despertada sua vocação religiosa.

Fez os exames preparatórios na Faculdade de Direito de São Paulo e matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mais para agradar ao pai. Mas, antes de iniciar o curso, matriculou-se no Seminário Episcopal de São Paulo em 1898.

Em 21 de dezembro de 1901 foi ordenado sacerdote. No dia seguinte celebrou sua primeira missa na Capela da Beneficência Portuguesa.

No ano seguinte à sua ordenação, foi nomeado professor do Seminário Diocesano e capelão da Capela de São João Batista. Em 8 de outubro de 1905, aconselhado pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, foi à Roma para concluir seus estudos de Direito Canônico.

Volta a São Paulo depois de 1907, após ter recebido o título de "Doctor sive magister" em Direito Canônico.

Foi nomeado bispo em 2 de abril de 1914 e empossado em 7 de setembro do mesmo ano, para a então diocese de Florianópolis, elevada a Arquidiocese de Florianópolis em 17 de janeiro de 1927, tendo sido seu primeiro arcebispo.

Foi pastor do rebanho 1914 a 1967. Encontrou um Estado catarinense rural e viu-o paulatinamente se industrializar. Entravam e saíam governantes, entravam e saíam Vigários, o povo crescia e mor­ria, e Dom Joaquim continuava. Acolheu seminaristas que depois ordenou sacerdotes, bispos, viu-os envelhecendo, morrendo, e o Pastor continuava a “presidir com solicitude”, seu lema Episcopal.
Encontrou uma Diocese nascente, viu nascerem as Dioceses de Joinville, Lages, Chapecó, Tubarão, para cuja criação deu os passos exigidos e viu a Diocese ser Arquidiocese em 1927. Criou Paróquias, desativou outras, aumentou consideravelmente o número de Capelas que viu serem fundadas, crescerem e serem elevadas a Paróquias. E o Pastor continuava.
Foram 53 anos de ininterrupto pastoreio à frente da grei que conhecia como a mãe conhece os filhos. Deu-lhe o ensinamento, o caminho a seguir e, para sua surpresa, viu que caminhava adiante, fugindo das lições aprendidas. É que os tempos avançavam, a História não parava e, quem sabe, o Pastor não conseguira acompanhar as ovelhas nas novas estradas. 
E faleceu, a 18 de maio de maio de 1967, Dom Joaquim Domingos de Oliveira, sepultado na Igreja Catedral que reformara em 1922, para os festejos do Centenário da Independência, Igreja-Mãe onde por mais de meio século presidiu a Eucaristia, ministrou a Crisma, proferiu inúmeros sermões, carinhosamente preparados, estudados, no mais lídimo portu­guês barroco. Sermões antes pesquisados, meditados, esquematizados, depois datilogra­fados na sua velha máquina de escrever, de pé mesmo, da­quela sua grande altura sacerdotal, intelec­tual, pastoral, mas pequena fisicamente. De pé mesmo, para não se cansar na cadeira, pa­ra não ficar corcunda. Sempre erguido fisicamente, desconheceu doenças. Mantendo uma saúde invejável à custa de exercícios físicos, encostado à parede, capinando a pequena horta e belo jardim , diariamente espanando aquele Palácio que era a sua residência familiar, sempre vestido com um avental agora guardado no Museu de Azambuja, que inaugura­ra em 1960, avental sobreposto às vestes episcopais, “monitum et praesidium do Bispo”, assim corno a batina era o “sinal e a proteção” do padre, que nunca deveria abandoná-la, como que identificando-a com o próprio sacerdócio. Vestes episcopais solenes, mas pobres, cobrindo calças, camisas e meias remendadas, vestes vistosas mas humildes, velhas, ciosamente conservadas assim como conservara o patrimônio religioso e cultural de sua Igreja, ela, a única porta e casa de salvação para a humanidade, resposta única e imutável para todos os problemas da humanidade.

Uma vida pela Igreja
Vestes e aparências solenes que encobriam extrema pobreza, que ignorava a inflação, que não sabia mais o custo das coisas, mantidas com frugais refeições, costumes sóbrios. Solenidade que podia dar a aparência de ostentação, de riqueza, num homem que morreu praticamente sem nada, num Palácio solene, mas com ameaças à própria segurança, que dormia com uma mesa cobrindo a cama, ameaçada por pedaços de estuque que caíam do solene teto. Uma riqueza presumida, mas resumida a alguns velhos cru­zeiros, e velhas notas provisórias vencidas.
Uma solenidade que se manifestava na exigência inconteste de respeito, de honra primeira e
total à autoridade eclesiástica, sem concorrente no mundo político. Tudo num homem que considera­va o Episcopado abaixo apenas da Maternida­de divina de Maria e da Encarnação do Verbo: “Deve o Bispo ser pobre, mas que haja toda uma realidade exterior para engrandecer-lhe a honra e o poder.”
Os que foram aos seus funerais, coroados solenemente pelos acordes infinitas vezes ouvidos do “De cristãos esta Coorte”, o Hino da “sua” Arquidiocese, recordaram aquela figura baixinha - mas exigente e intransigente, que por 53 anos transpusera os limites da Capital para as Visi­tas Pastorais, primeiro a todo o Estado, depois ao território de sua Arquidiocese. Andou a cavalo, de char­rete, de barco, de automóvel, de avião. Milhares de quilômetros percorridos para visitar o rebanho, para ministrar-lhe a Crisma, dar-lhe a Eucaristia, proferir-lhe o Sermão, já levado pronto. Sermão tão importante e tão acariciado que não hesitou mandar o motorista retornar de Angelina à Capital para apanhá-lo. Era aquele o Sermão que deveria proferir, sem ser possível outro, sem poder improvisar. Pregar era missão por demais séria para um Arcebispo improvisar. Nem todos - talvez a maioria – conseguiam compreendê-lo. Era uma linguagem muito alta para um reba­nho tão humilde! Era, porém, a doutrina da Igreja, explicação da Escritura tão prezada nos infatigáveis e contínuos estudos.

Ação e vigilância pastorais
As Visitas Pastorais: epopéia, sempre nova, mesmo que repetida ao longo de meio século. A conversa com o povo, a visita aos Livros Paroquiais, a inspeção na administração, olhando, sem transigir em nada do lhe que parecia transgressão à Lei da Igreja. Conselhos ao povo e ao Vigário.
Nada permitia que escapasse ao seu controle, mesmo sabendo que isso acontecia. Podia-se recordar sua exigência de respeito ao patrimônio eclesiástico, de respeito à língua vernácula, de nacionalismo alegre e cooperador, que tantas confusões lhe arrumara com os Padres alemães e italianos, com os imigrantes e seus descendentes, que às vezes se esqueciam de que estavam no Brasil e que deveriam ser brasileiros, começando pela língua e pelo aprendizado do Hino nacional. Como sofrera daquela vez, numa Capela do Sul, quando as crianças lhe cantaram, no dia 7 de setembro, o Hino da Itália, e lhe declamaram versos em italiano com “Viva il Re d’Itália!”. Dom Joa­quim assumira plenamente a nacionalização, necessária sim, mas conduzida por meios talvez nem sempre humanamente compreensíveis: ­por esta “nacionalização” não hesitou em depor todos os diretores estrangeiros de Escolas e Colégios religiosos, em 1917. Não poupara controvérsias, e mesmo intrigas, com os padres alemães e italianos, que para cá vieram como novos Apóstolos.
Mas ali estava o velho Arcebispo, ali estava o jovem rebanho. Participando de uma Igreja arquidiocesana que organizara em três sínodos Diocesanos (1919, 1925, 1951) que tinham, os primeiros, a finalidade de reestruturar a pastoral de acordo com o no­vo Código publicado em 1917. O terceiro fa­zia parte das solenes comemorações dos seus 50 anos de sacerdócio. Um sacerdócio que frutificara, que se multiplicara. Para sua formação fundara dois seminários: em 1927 o de Azambuja e em 1941 o de São Ludgero.
Azambuja dele recebe todo o carinho, foi a sua obra mais importante. Uma Azambuja que não se restringe ao Seminário: é o Hospital (que recebeu novo prédio), é o Santuário (novo e imponente), é a Gruta, o Morro do Rosário, o Al­moxarifado, o Asilo, a Fazenda, é o novo Seminá­rio que ele inaugurou em 1964, no 7 de setembro que celebrava os 50 anos da posse em Florianópolis.
Um Seminário que conduz no maior rigor e seriedade. Uma casa cuja pedagogia não conhecia panos quentes, tergiversações. A Igreja existia há dois mil anos: não precisava perguntar a ninguém se devia mudar. Tudo já estava estabelecido. Bastava ler, para conhecer os caminhos. O seminarista era preparado para ser homem de Igreja. Longe os ares da renovação conciliar.

Um homem fiel e apegado ao passado
O Concílio do Vaticano II (1962-1965): participou da primeira sessão de 1962. Não retornaria. Escandalizava-o a discussão. Achava até blasfêmia o questionamento de afirmações que ele aprendera e repetira, na prática eclesiástica, por cinqüenta anos. Chegou a pensar que o tinha ultrapassado.
Velho, mas não cansado, precisava o povo que ele recebesse um auxiliar, o que ele pensava ser desnecessário. Mas vem, primeiramente, Dom Felício César da Cunha Vasconcellos OFM, em 1957. Não lhe foi fácil ser ajudado, ele, o Pastor incansável no trabalho. Não lhe era compreensível alguma coisa ser decidida fora dele, acostumado a tudo centralizar. Mas aceitou. Também ele deveria praticar a obediência que sempre exigia como a grande virtude do cristão. O Coadjutor preferiu residir no Convento Santo Antônio e ali recebia os padres e se dispunha a pregar missões. Era um grande orador sacro.
Dom Felício foi transferido para Ribeirão Preto em 1965, nomeado arcebispo metropolitano e ali faleceu em 1972, com fama de santidade.

Dom Joaquim acha que pode continuar sozinho, pois a doença não o atingia. Assim não pensam a Santa Sé e o Clero, ansioso este por uma urgente re­novação nos moldes pedidos pelo Concílio. Muita coisa tem que ser feita longe do Arcebispo. Experiências são realizadas a partir do Estreito, longe da Ilha onde habitava o Arcebispo, ilha­do ele mesmo num mundo que não mais existia, num mundo novo que desconhecia. Era o mundo da JOC, da JEC, da JUC, da Ação Católica, que ele abominava na suspeita do comunismo infiltrando-se por qualquer fresta que o Pastor, num momento de distração, pudesse deixar surgir. Presidir com solicitude era também estar atento para que ne­nhuma mudança acontecesse.
Mas, a arquidiocese precisava de alguém que o ajudasse na renovação. E este veio na pessoa de Dom Afonso Niehues, que em 1927 ele acolhera no recém-fundado Seminário de Azambuja, que em 1959 sagrou Bispo Coadjutor de Lages. Dom Joaquim aceitou, mas com dor. O velho Arcebis­po não se dava conta de que envelhecera no tempo, na história, no físico.

A chegada de Dom Afonso e o adeus do Pastor
Memorável o 30 de dezembro de 1965: Dom Joaquim entrega o Governo efetivo da Diocese a Dom Afonso, Arcebispo Coadjutor e Administrador Apostólico “sede plena”. Praticamente mantinha o título. No Ginásio “Charles Edgard Moritz”, lotado pelo Clero, Religiosas, Autoridades e o Povo, fez um minucioso relato de seus já 51 anos de pastoreio. Enumera as obras pastorais, administrativas, materiais. Um grande elenco a demonstrar o infatigável empenho com que desenvolveu o ministério episcopal, assumido de coração no dia 26 de março de 1914, dia de sua eleição.
Neste momento Dom Joaquim recordou a singela cerimônia de ordenação episcopal na Capela do Pio Latino, em Roma, no longínquo 31 de maio de 1914. Na mesma Cidade Eterna onde cursara Direito Canônico, obtendo o Grau de Doutor. Eram os Cânones sua grande paixão intelectual. Conhecer bem a Lei da Igreja para fiel sempre lhe ser.
O ancião, resignado mas não abatido, cheio de trabalhos mas não cansado, recordava a infância em São Paulo, sua cidade após seus pais, Domingos de Oliveira Beleza e Joaquina da Silva Mota, terem emigrado da terra natal, Vila Nova de Gaia, em Portugal. Lá nascera a 4 de dezembro de 1878.
Brasileiro por adoção, foi no Brasil que recebeu sua formação: estudos primários em escolas públicas, secundários no Liceu Sagrado Coração de Jesus, dos padres salesianos. Por ultimo, no Ginásio Paulista. Terminados os estudos se­cundários, fez os exames preparatórios no Curso da Faculdade de Direito de São Paulo e matricu­lou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Mais por vontade do pai. Sua vocação era outra. E vai segui-la matricu1ando-se em 1898 no Seminário Episcopal de São Pau1o. Aí mesmo recebeu a ordenação sacerdota1 em 21 de dezembro de 1901. Em seguida foi nomeado Professor do Seminário e Cape­lão. Terminados os estudos em Roma, retornou ao Seminário Episcopal, sendo simu1taneamente Diretor Espiritual no Colégio Arquidiocesano. Em 1910 é Cônego da Catedra1, assumindo o cargo de Secretário do Cabido. No ano seguinte, Secretário do Arcebispado. Sacerdote, é conhecido como estudioso, pregador e apo1ogeta, defensor acér­rimo da Igreja. Foi nesse ministério que a Santa Sé o elegeu Bispo de Florianópolis.
Recordou o 7 de setembro de 1914, dia de sua posse, as autoridades, o povo carinhoso, o Clero aguardando-o no trapiche, pois demoraria alguns anos ainda para a cosntrução da Ponte Hercílio Luz. Era um Bispo decidido, jovem em seus 35 anos. Viera para trabalhar, e trabalhara.
Ao relatar seu vasto e rico pastoreio tinha a consciência do dever cumprido.Presidira com solicitude. Deseja que Dom Afonso seja feliz na Arquidiocese.
Terminadas as cerimônias, vai ao Palácio. Ali, na oração e no estudo, relendo e organizando materiais de seu Arquivo, prepara-se para a despedida, ocorrida a 18 de maio de 1967. No sábado anterior assistira a um casa­mento. No domingo, fora à Trindade, visitar as Irmãs. O homem de trabalho trabalhou até os últimos dias.
Servo bom e fiel, podia estar feliz e tranqüilo de ter desempenhado a missão que a Igreja lhe confiara. Ali estava a Arquidiocese. A semente crescera na unidade. A messe aumentara. Surgia uma Igreja pujante, pouco a pouco renovando-se para acompanhar os novos tempos. Não fora esta a sua missão.
Foi velado no Palácio Cruz e Sousa e sepultado com honras militares.

Pe. José Artulino Besen
Curso de Teologia (1975), Gregoriana, Roma; Bacharel (1980) em Teologia, Faculdade Teologia Cristo Rei, São Leopoldo; Curso de História da Igreja (1980), CEHILA; Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, da Academia Catarinense de Letras e da Associação Catarinense de Escritores.
Ministra no ITESC as disciplinas: História da Igreja Medieval; História da Igreja Moderna e Contemporânea; História da Igreja do Brasil e na América Latina; Escolas e Movimentos de Espiritualidade.
Email: jabesen@terra.com.br 

AS FOTOS:
1-INÍCIO DE EPISCOPADO, QUADRO DO ACERVO DO SEMINÁRIO;
2-BRASÃO EPISCOPAL COM O LEMA "QUE PRESIDA COM SOLICITUDE" DA CARTA DE SÃO PAULO AOS ROMANOS CÁPÍTULO 12 VERSÍCULO 8;
3-NA GRUTA DO ANTIGO PAÇO EPISCOPAL;
4-FOTO OFICIAL SENTADO NO TRONO DO PALÁCIO EPISCOPAL;
5-FOTO OFICIAL;
6-COM OS CORPOS DOCENTE E DICENTE DO SEMINÁRIO DE AZAMBUJA EM FRENTE AO ANTIGO SANTUÁRIO DE AZAMBUJA;
7-BENÇÃO DA PEDRA FUNDAMENTAL DO NOVO SEMINÁRIO DE AZAMBUJA, 15 DE AGOSTO DE 1957;
8-VOTOS PERPÉTUOAS DE UMA IRMÃ DA DIVINA PROVIDÊNCIA, 1959;
9-COM O PAPA JOÃO XXIII, 1960;
10-NO CONCÍLIO VATICANO II COM SEUS SECRETÁRIOS, PADRES ANTÔNIO GUGLIELMI E PAULO BRATTI, 1962;
11-CHEGADA EM AZAMBUJA, 1964;
12-NO PALÁCIO DO GOVERNO ESTADUAL COM O ARCEBISPO COADJUTOR DOM FREI FELÍCIO DA CUNHA VASCONCELOS EM HOMENAGEM PELO ÁUREO JUBILEU EPISCOPAL EM 1964;
13-COM SEU AMIGO DOM JAIME DE BARROS CÂMARA NA COMEMORAÇÃO DO ÁUREO JUBILEU EPISCOPAL;
14 E 15-INAUGURAÇÃO DO NOVO PRÉDIO DO SEMINÁRIO DE AZAMBUJA, 7 DE SETEMBRO DE 1964;
16-COM OS BISPOS CATARINENSES NA VISITA DO CARDEAL DOM JAIME DE BARROS CÂMARA.









A RELAÇÃO DE DOM JOAQUIM COM AZAMBUJA

O Complexo de Azambuja sempre foi considerado como “a menina dos olhos de Dom Joaquim Domingues de Oliveira”. Isso porque desde a primeira visita pastoral, do então, Bispo de Florianópolis, este, foi tomado de ternura pelo “Vale das Graças”, por todo aquele espírito de sacralidade e caridade que naquela época era muito forte nas obras azambujanas.
Já em 1915 o Bispo considerava o vale o melhor local para a instalação do futuro seminário diocesano. Por isto, indagado por Padre Gabriel Lux scj se estava satisfeito com o que vira o Bispo, indicando o então prédio da Santa Casa de Misericórdia (hoje Museu), disse que faltava estar escrito “Seminário Diocesano” no frontispício do prédio.
Aí entra um mal entendido sobre a saída dos padres dehonianos de Azambuja em 1927. Azambuja era um curato e tinha uma administração particular em nome da, agora, Arquidiocese de Florianópolis, dentro da enorme paróquia de São Luis Gonzaga, que compreendia, em território, os atuais municípios de Brusque, Guabiruba e Vidal Ramos. Portanto, os padres dehonianos estavam sobrecarregados de trabalhos, tendo ainda aos cuidados o Seminário Menor Sagrado Coração de Jesus, da congregação SCJ, no Centro de Brusque.
Há aí outra questão: oficialmente os dehonianos nunca foram responsáveis pelo Complexo de Azambuja. O que ocorreu é que na época da criação do Santuário, desmembrado na paróquia de Brusque, o Bispo de Curitiba, ao qual Brusque então estava subordinada, nomeou o então pároco, Padre Lux, Cura do Santuário e administrador do Complexo. E isso era natural, já que a paróquia brusquense estava sob os cuidados dos Dehonianos. Além do mais, boa parte das paróquias do nordeste catarinense forma ocnfiadas em diferentes momentos aos dehonianos, por conta da falta de padres na região. Além disso, o Bispo, que tinha plena confiança nos dehonianos, não iria entregar a administração de um complexo diocesano nas mãos de qualquer um, e neste ponto os dehonianos tinham uma fama muito boa. 
Acontece que quando Padre Lux foi transferido para Corupá não foi nomeado um novo “reitor”, mas apenas padres dehonianos foram tornados responsáveis por Azambuja, sem o mesmo vínculo e responsabilidade do antigo reitor Padre Lux.
Por conta desses excessos de afazeres o atendimento a Azambuja ficou prejudicado. E esse atendimento, e também a administração, não deveriam ser prejudicados, pois, o Complexo compreendia muitas obras já naquela época: Santuário, Hospital, Hospício Asilo. Vale lembrar que o único santuário do estado era o de Azambuja e que muitas pessoas vinham de longe para ali rezar e pagar promessas.
Diante disso, e das constantes reclamações das irmãs da Divina Providência, que trabalhavam no Complexo, somado à sobrecarga dos padres dehonianos e da necessidade de transferir o recém-fundado Seminário Metropolitano para longe do agito da capital Florianópolis o Arcebispo resolveu por decreto transferir o Seminário para Azambuja e pelo decreto entregar o atendimento e administração do Complexo para o clero arquidiocesano, tendo como primeiro responsável o Padre Jaime de Barros Câmara, futuro Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro.
O problema dessa história não foi o feito, mas o método empregado por Dom Joaquim: por decreto, sem consulta aos dehonianos (embora na Cúria de Florianópolis já fosse tida como oficial a transferência do Seminário para Azambuja semanas antes, como consta no Diário do Reitor, o que faz supor que o ato administrativo do Arcebispo não foi tão intempestivo quanto se supõe). E daí surgiu a falsa história de que o Arcebispo tomou Azambuja dos dehonianos. Na verdade o Arcebispo agiu de acordo com o Direito Canônico que previa total poder do Arcebispo no Curato, que, para todos os efeitos, era de responsabilidade da Arquidiocese. Só que esse gesto majestático, de uso absolutista do poder, típico da época, e tendo em Dom Joaquim um zeloso representante, foi muito mal acolhido. Mas, na prática foi um bem para os dehonianos, que se viram com um grande problema a menos a ser administrado. Dali para frente tudo seguiria em ritmo ordeiro. De fato não há notícia de alguma reclamação formal dos dehonianos em relação ao ocorrido. E nunca houve rixa entre dehonianos e diocesanos. Ao contrário, não poucas vezes os seminaristas dehonianos e diocesanos participaram conjuntamente de eventos, o que ocorre até hoje.
Voltando à relação de Dom Joaquim com Azambuja, cabe notar que o local na Arquidiocese de Florianópolis que mais diretamente teve o destino traçado pelo arcebispo foi Azambuja. Todas as obras realizadas aí tiveram o aval joaquino. Algumas foram ideias mesmo do Arcebispo.
Nos 53 anos de episcopado joaquino em Florianópolis o antigo santuário foi demolido e o novo construído e consagrado com grande pompa em grandiosa solenidade.
O antigo prédio do Hospital, que serviu também ao Seminário foi completado
O novo hospital foi construído, bem como o segundo prédio do Asilo. A antiga ermida deu lugar à gruta com a capela dos ex-votos.
O Morro do Rosário, ideia do Arcebispo, foi construído “à toque de caixa”: começado em 1950, teve seu monumento principal inaugurado já naquele ano e concluído em 1954.
Mas a obra mais afetada pelo Arcebispo foi mesmo o Seminário. A instituição foi iniciada na casa paroquial da catedral, na capital e logo transferido para uma casa na mesma cidade. Mas, o Arcebispo não gostou e resolveu transferi-lo para Azambuja, onde sempre quis que estivesse.
Os reitores do Seminário, bem como demais formadores, sempre foram escolhidos sempre entre os melhores nomes do clero. Não por acaso são nomes lembrados até hoje, muitos alçados ao episcopado e até ao cardinalato, caso de Dom Jaime, o primeiríssimo reitor.
Por isso mesmo a excelência do Seminário foi sempre máxima, sendo conhecido internacionalmente pela brilhante formação naquele período áureo, ainda que tenha passado por dificuldades de adaptações desde o Concílio Vaticano II, como toda a Igreja.
Tanta excelência que já o terceiro reitor do Seminário foi seu ex-aluno: Padre Afonso Niehues, que depois se tornou sucessor de Dom Joaquim no governo da Arquidiocese. A semente foi tão bem plantada que substituiu velha árvore que a originou quando o tempo desta passou.
O antigo prédio do Seminário foi aumentado em 1947 e já se planejava novo aumento, quando foi sugerida ao arcebispo a construção de novo prédio para o Seminário em 1952. E assim se fez imediatamente. E assim a pedra fundamental foi benta em 1957. Já em 1960 o novo prédio passou a ser ocupado e o antigo, com sua planta original, foi tornado Museu Arquidiocesano Dom Joaquim.
Por fim, o novo prédio do Seminário foi inaugurado nas comemorações do áureo jubileu episcopal do arcebispo, sendo o ponto alto da festa. Foi também o canto do cisne do arcebispo já octogenário. Sopravam os ventos renovadores do Concílio Vaticano II é o arcebispo, depois de oito décadas, tinha dificuldades para entender (mas não para aceitar) a renovação. Assim, o menino Afonso que Dom Joaquim acolheu no seminário recém-fundado em Florianópolis, e que esteve a frente da mudança do mesmo para Brusque, o sucedeu no governo arquidiocesano, e depois o sucedeu por também no título de Metropolita quando “aquele que governou com solicitude” (cf. Rm 12, 8) foi chamado pelo Pai para a vida eterna.
Mesmo assim, o nome de Dom Joaquim continua forte na Azambuja amada, que era visitada pelo menos três vezes por ano pelo Arcebispo (início e término do ano letivo do Seminário e festa de Nossa Senhora de Azambuja). Se o corpo do arcebispo repousa na Catedral de seu governo, seus demais pertences estão guardados e expostos no outro local de seu coração, para lembrar o zelo de um fiel príncipe da Igreja: Joaquim Domingues de Oliveira.

RICARDO BECKER MAÇANEIRO
Seminarista da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos)
Membro da AESA (Associação dos Ex-Alunos do Seminário de Azambuja)

Brusque, 18 de maio de 2013, 47º aniversário da morte de Dom Joaquim.







No Convento Sagrado Coração de Jesus de Brusque em 1953 nas comemorações de 75 anos de fundação da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus e 50 anos de presença dehoniana no sul do Brasil (precisamente no território da Arquidiocese florianopolitana). Nessa ocasião Dom Joaquim doou à congregação o terreno onde se encontrava o antigo (e se encontra o atual) Convento (o terreno pertencia à Paróquia São Luís Gonzaga.



 Congresso Eucarístico Internacional no Rio de Janeiro, 1955

Azambuja









Em Brusque com o ilustríssimo Cônsul Carlos Renaux