CONHECENDO AZAMBUJA

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sábado, 27 de setembro de 2008

O MUSEU ARQUIDIOCESANO DOM JOAQUIM




Dom Afonso Niehues - reitor - após conhecer a opinião dos padres professores, redigiu uma carta endereçada ao Arcebispo, sugerindo o aproveitamento daquele espaço para o Museu da Arquidiocese. A sugestão, passado um tempo de amadurecimento, foi aceita e posta em prática.
O Museu Arquidiocesano Dom Joaquim teve sua origem de fato em l933, com o recebimento de uma pequena coleção particular de propriedade do Sr. Joca Brandão em troca da gratuidade dos estudos de um de seus filhos no Seminário Menor Metropolitano Nossa Senhora de Lourdes. Instalado de fato e aberto ao público em 03 de agosto de 1960, por ocasião das comemorações do primeiro Centenário de Brusque. A tônica que norteou a guarda e posterior ampliação inicial, foi entender a preservação cultural como estratégia para a valorização do SABER FAZER do homem. Associar preservação cultural ao modelo tradicional de ensino, que na sua maioria ignora os testemunhos do cotidiano do homem, foi o grande mérito de nosso patrono, Pe. Raulino Reitz, que transformou uma célula eminentemente educacional em um dos maiores museus de Santa Catarina, e único em sua especificidade museológica. Inicialmente instalado com o nome “Museu Joca Brandão”, posteriormente “Museu Arquidiocesano Joca Brandão” e hoje “Museu Arquidiocesano Dom Joaquim”, teve como objetivo “recordar a história da colonização teuto-italiana em Santa Catarina, sua época e seu ambiente”. Localizado em Azambuja, município de Brusque o Museu Arquidiocesano Dom Joaquim foi o primeiro em seu gênero e especificidade instalado no extremo sul do país, sendo ainda único
A magnitude da coleção atual, estimada em quatro mil peças, associada à monumentalidade da edificação que a abriga, faz do Museu Arquidiocesano Dom Joaquim hoje uma presença ímpar na história da preservação cultural em Santa Catarina. Na década de 50, baseada no acordo verbal estabelecido entre o então professor do Seminário Menor Metropolitano, Pe. Raulino Reitz e o Arcebispo Metropolitano de Florianópolis Dom Joaquim Domingues de Oliveira, a Cúria Metropolitana, ao construir novas instalações para o Seminário Menor Metropolitano, permitiu que a antiga edificação construída em 1907, com a finalidade de abrigar o Hospital Arquidiocesano e posteriormente o Seminário Menor, passasse a ser utilizado para abrigar o acervo e fosse sede das instalações que o Museu já necessitava para sua maior exploração, guarda, exposição e conservação.
Em momento algum houve omissão por parte do poder eclesiástico ou por parte da comunidade, sempre engajados na trajetória do Museu. Objetivando a instalação definitiva do Museu no prédio do antigo Seminário, uma comissão foi constituída. Cabe destacar e ressaltar que a então Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (hoje IPHAN), apoiou a iniciativa destacando do Rio de Janeiro um museólogo para colaborar nos trabalhos de coleta, catalogação, pesquisa, documentação e exposição.
O Museu teve seu registro no Conselho Internacional de Museus, sendo o primeiro museu não governamental e instalado fora do eixo Rio-São Paulo-Minas Gerais a ter cadastro e registro na recém criada secção do ICOM-Brasil.
Seqüencialmente, a 15 de maio de 1959, a Cúria Metropolitana expediu uma Circular , solicitando aos reverendos vigários que auxiliassem na campanha de coleta de material para o museu, especialmente para compor a Arte Sacra.
No país, a prática existente é de igrejas, capelas e ordens religiosas exporem seus acervos em pequenos museus de sacristia. O caso do Museu Arquidiocesano Dom Joaquim é o único, não havendo notícias de iniciativa desta natureza no Brasil e na região do MERCOSUL.



O PATRONO
DOM JOAQUIM DOMINGUES DE OLIVEIRA
BISPO DE FLORIANÓPOLIS 1914-1927
ARCEBISPO DE FLORIANÓPOLIS 1927-1967

Dom Joaquim Domingues de Oliveira nasceu em Vila Nova de Gaia – Portugal -, no dia 04 de dezembro de 1878. Era filho do Capitão Domingues de Oliveira Beleza e de Dona Joaquina da Silva Mota. Cresceu e criou-se em São Paulo.
Completou seus estudos primários em escolas públicas. Os secundários, no Liceu Sagrado Coração de Jesus, dos padres salesianos, os quais lhe despertaram os primeiros germes da vocação. Por último, no Ginásio Paulista, onde teve como professor de Português e Francês o conhecido, literato, poeta e educador Dr. Silvio de Almeida.
Terminando os estudos secundários, fez os exames preparatórios no Curso da Faculdade de Direito de São Paulo e matriculou-se na faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mais para atender à vontade paterna de que a própria. E, antes de iniciar, propriamente, o curso, matriculou-se espontaneamente, em 1898, no Seminário Episcopal de São Paulo. Aí, recebeu a primeira tonsura a 25 de setembro de 1899, as ordens menores a 2 de dezembro do mesmo ano, o subdiaconato a 25 de novembro de 1900 e, no dia 22 do mesmo mês e ano, o diaconato.
No dia 21 de dezembro de 1901, foi-lhe conferida ordenação sacerdotal, com a imposição das mãos do Bispo Diocesano, D. Antônio Cândido Alvarenga.
Em 22 de dezembro do mesmo ano, celebra a Primeira Missa na Capela da Beneficência Portuguesa.
Em 1o de janeiro de 1902, na Igreja Santa Cecília, celebra a sua Primeira Missa Cantada.
Em 1902, é nomeado professor no Seminário e Capelão da Capela de São João Batista, modesto arrabalde paulistano.
Em 08 de outubro de 1905, dirigiu-se a Roma para completar os estudos de Direito Canônico.
Em 10 de outubro de 1907, recebe o título de “Doutor sive magister” em Direito Canônico.
Em 1910, foi nomeado Cônego da Catedral, assumindo o cargo de Secretário do Cabido.
Em 1911, Secretário do Arcebispado, tendo deixado então as funções que exercia no Seminário.
Cônego Oliveira, como era conhecido, era estudioso e ótimo pregador. Apologeta. Palavra fulminante em defesa da fé católica.
No dia 26 de março de 1914, foi nomeado para o Bispado de Florianópolis.
A 31 de maio de 1914, Domingo de Pentecostes, na Capela do Pontifício Colégio Pio Latino-Americano, que ao mesmo tempo servia de Colégio Brasileiro recebeu a plenitude do sacerdócio, é ordenado Bispo.
No dia 07 de setembro de 1914, assume como Segundo Bispo de Florianópolis.
Dom Joaquim realizou muitas visitas pastorais em Santa Catarina, as quais tinham como finalidade “conhecer as ovelhas, dar-lhes o pão da palavra referta de doutrina e bons exemplos”.
É difícil imaginar o que significava ir pelos interiores do estado no início do século. Às vezes, em meses, dormindo e comendo a cada dia em casas diferentes. E a programação era intensa: missas, pregação, novenas, crismas, batizados, unções, confissões.
Foi grande, também, o interesse de Dom Joaquim, como abnegada foi sua dedicação, à causa da instrução e educação.
São palavras suas:
“Um povo analfabeto é um povo incapaz de crer lucidamente.”
“Não há elogios bastantes para o Vigário que, nas horas que lhe sobram do ministério afanoso, se consagra de corpo e alma à formação da juventude cristã.”
O Segundo Sínodo Diocesano de Florianópolis, por ele convocado em 02 de janeiro de 1919, coloca a difusão das Escolas Católicas como o meio mais eficaz, após a pregação da palavra divina, para contrabalançar as funestas conseqüências da neutralidade do ensino. Considera necessidade inadiável todas as paróquias possuírem suas escolas primárias católicas.
“Uma paróquia bem organizada não pode existir sem uma escola católica.”
Foram numerosas as escolas paroquiais e colégios de religiosos e religiosas criados, todos com seu apoio e incentivo.
Em 1927, por Decreto Consistorial de 17 de janeiro, a Diocese de Florianópolis foi elevada à categoria de Província Eclesiástica, sendo Florianópolis elevada a Arcebispado, tendo como sufragâneas as Dioceses de Joinville e Lages.
Dom Joaquim, quer atendendo aos reclamos das populações locais, quer a solicitações de párocos, criou muitas paróquias. Dentre as quais citamos:
- São Gabriel Arcanjo – Pedras Grandes – 14/10/1930
- São Pedro – Armazém – 31/12/1941
- Imaculado Coração de Maria – Lauro Müller – 17/01/1947
- Natividade de Nossa Senhora – Cocal – 31/05/1947
- Nosso Senhor do Bom Fim – Braço do Norte – 01/01/1950
- São Marcos – Rio Fortuna – 15/04/1950
- São José – Criciúma – 21/12/1950
Em 1944, fez-se presente, juntamente com o Interventor Federal Sr. Dr. Nereu Ramos, na inauguração do GRUPO ESCOLAR DOM JOAQUIM, no local onde hoje se encontra o atual prédio do nosso Colégio (o discurso proferido por Dom Joaquim, para tal evento, encontra-se no histórico do Colégio Estadual Dom Joaquim (pág. ).
Em agosto de 1948, a Santa Sé o nomeia Conde Romano.
Em 1954, novo desdobramento da Arquidiocese. A Santa Sé cria o Bispado de Tubarão.
As comemorações do Áureo Jubileu Episcopal deram ocasião a muitas comunidades de manifestar-lhe o reconhecimento pelo ingente serviço prestado à Santa Catarina no campo religioso, sem excluir o social e educacional. Aconteceram festivas recepções entre 1964-1965.
A 29 de maio de 1964, a Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina confere-lhe o título de Cidadão Catarinense.
Em 29 de abril de 1967, ocupa a cadeira nº 22 da Academia Catarinense de Letras, a Casa de Othon d’Eça, cujo Patrono é Jonas de Oliveira Ramos e o último ocupante, seu grande amigo e benfeitor Nereu Ramos. Essa homenagem seria o justo reconhecimento pela eminente contribuição de Dom Joaquim à cultura catarinense.
No dia 18 de maio de 1967, às 5h30min, no Hospital de Caridade de Florianópolis, falece Dom Joaquim.
Para conclusão de sua biografia, transcrevemos o seu testamento, escrito na véspera da intervenção cirúrgica a que foi submetido, a 30 de dezembro de 1966:
Em nome da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo.
Devendo submeter-me amanhã a delicada intervenção cirúrgica; confiado na reconhecida competência e dedicação dos abalizados cirurgiões, mas entregue incondicionalmente ao supremo querer de Deus, resolvi lavrar o presente termo, a que dou força de ato de última vontade, constante das seguintes declarações e determinações:
1 – Bispo da Santa Igreja Católica, faço a mais explícita e espontânea profissão de fé, crendo tudo quanto ensina e ensinou a Igreja Católica, contido explícita ou implicitamente na Sagrada Escritura e confirmado pela Tradição.
2 – Cidadão brasileiro ex vi da Constituição de 1891, e confirmado por Direito Declaratório de outubro de 1957 auguro os progressos de minha Pátria, cujas autoridades e cujas leis, como era meu dever, sempre inculquei ao respeito dos fiéis.
3 – Peço a Deus perdão dos meus pecados, deficiências e imperfeições com que me desempenhei dos meus deveres.
4 – Peço igualmente perdão a todos quantos tenha magoado, ofendido ou escandalizado, e o peço pelas entranhas de Jesus Cristo, que, para nosso exemplo, morreu divinamente exorando e perdoando.
5 – Não tenho termos para agradecer à Igreja Católica, as várias e preciosas distinções com que me distinguiu , apesar de minha insuficiência e indignidade.
6 – Declaro que tudo quanto existe no paço arquiepiscopal, à rua Esteves Júnior, por minha morte fica pertencendo, como até o presente, à Mitra Metropolitana, salvo um ou outro objeto de menos valor.
7 – Enfim, tudo quanto estiver em meu nome, inclusive a renda de venda do automóvel que recebi de presente, fica atribuída à referida Mitra, que poderá reservar uma parte para aplicar entre os pobres, outra para a celebração de missas em sufrágio da minha alma.
8 – Por último, levantamos confiantemente os nossos olhos para Deus – Deus que declarou pelo profeta que “não será punido o que a Ele se recomendar”; e pelo que, humilde e confiantemente repetimos: “In te, Domine, speravi, non confundar in aeternum!”
Hospital de Caridade, aos 30 de dezembro de 1966
Dom Joaquim Domingues de Oliveira

Bibliografia:
BESEN, Pe. José Artulino. Dom Joaquim Domingues de Oliveira. Florianópolis, 1979.




Lema de Dom Joaquim: Que presida com solicitude (Rm 12,8)











































































































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